terça-feira, 30 de outubro de 2012

Exemplo de vida.

Quando flagra uma manifestação na praça municipal de Teófilo Otoni, o ex-militante da causa operária Tim Garrocho, com autoridade que lhe concedem seus 82 anos, não consegue segurar. Ele se aproxima dos manifestantes, puxa um deles no canto pelo braço e diz: "Você pode até não saber disso mas ajudei vocês a estarem hoje reunidos aqui na praça". Tim é exemplo de vida para os filhos, netos e bisnetos. Segundo ele, o operário que mais apanhou em Minas foi Porfírio Francisco de Souza. "Eu o vi entrando na prisão, ainda forte, e no final, irreconhecível" afirma.
Porfírio, militante do extinto PCB , morreu em 2004 em Montes Claros, aos 84 anos. "Além de choques elétricos e ter levado no pau de arara, ele sofreu com agulhadas nos dedos entre as unhas. Chegaram até a arrancar as unhas dele na sede do antigo Dops, em BH, em 1969, logo depois do AI-5", conta o aposentado e ex-soldado da PM Aran Francisco de Matos, sobrinho do ex-militante.
"Aquela cambada não respeitava ninguém. Em Governador Valadares, quebraram meu braço esquerdo e me chutaram até eu vomitar sangue", revela Tim sem esconder raiva. "Meu torturador era Klinger Sobreira de Almeida, que na época era tenente em Valadares. Antes de bater, ele tirava o relógio, para não se machucar. Não me esqueço disso."
Tim, ex-líder sindical, que antes de ser preso chegou a ter 3 mandatos de vereador. "Depois do golpe, não pude crescer politicamente. Eles me liquidaram, minha esposa ficou adoentada e eu tive que vender muita coisa para me sustentar. Hoje não tenho aposentadoria, pois não consegui comprovar meus direitos políticos" afirma.

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